SER COMPETENTE EMOCIONALMENTE PODE NOS AJUDAR A ENFRENTAR A PANDEMIA? Carolina Brantes Mestre e doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia Grupo de Pesquisa Emoções, Sentimentos e Afetos no Trabalho Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salvador Independentemente de ser psicólogo, é bem provável que você já tenha ouvido falar em Inteligência […]
SER COMPETENTE EMOCIONALMENTE PODE NOS AJUDAR A ENFRENTAR A PANDEMIA?
Carolina Brantes
Mestre e doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia
Grupo de Pesquisa Emoções, Sentimentos e Afetos no Trabalho
Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salvador
Independentemente de ser psicólogo, é bem provável que você já tenha ouvido falar em Inteligência Emocional. Existem, porém, outros conceitos não tão populares na sociedade, mas que buscam ampliar a visão sobre o tema. Um destes é a Competência Socioemocional, que significa a mobilização dos recursos emocionais disponíveis em cada um para lidar da melhor forma possível com as situações vivenciadas. Ela une o conhecimento emocional que possuímos, com a nossa habilidade em lidar com demandas emocionais e sociais e ainda com a nossa pré-disposição para agir considerando as especificidades de cada situação.
Da junção de nossos conhecimentos, habilidades e atitudes sobre eventos mobilizadores das nossas emoções e da nossa capacidade de socialização resulta nosso comportamento, o qual pode ser funcional ou não a depender da situação. Mas o que isso quer dizer? Por exemplo, diante desta Pandemia da Covid-19, podemos apresentar comportamentos que nos ajudam a enfrentá-la de forma mais positiva (funcional) ou negativa (disfuncional). O enfrentamento funcional traz benefícios tanto para si mesmo, como para os outros e para o ambiente a nossa volta. Comportamentos disfuncionais, por sua vez, podem dificultar muito o enfrentamento da crise atual.
Neste momento talvez você tenha se lembrado de, e até já tenha se identificado com, diversos memes que destacam a dificuldade em lidar com as emoções. Isto pode ter gerado uma preocupação sobre o seu enfrentamento (pessoal e familiar) em relação à Covid-19. A Pandemia que estamos vivendo tem proporções mundiais e por ser um vírus novo existem poucas informações precisas sobre ele, o que contribui para sentirmos medo e ansiedade (para esta diferenciação veja o vídeo aqui no Emotrab). A boa notícia é que a Competência Socioemocional pode ser desenvolvida por nós. Ela é fluida e pode ser aprendida.
Para isto, associar diversas ações de reconhecimento e controle das próprias emoções e das dos outros com estratégias para manter a socialização podem melhorar sua Competência Socioemocional. A tecnologia, quando utilizada de forma adequada, pode nos ajudar neste desafio. Podemos começar buscando informações confiáveis sobre a Covid-19 (diferenciar o que é fake ou fato), identificando quais emoções e sentimentos este momento gera em nós e refletindo sobre elas. Também podemos buscar identificar o que normalmente fazemos quando estas emoções e sentimentos surgem em outros contextos e quais seus resultados (positivos ou negativos).
As medidas de combate adotadas contra a Pandemia também envolveram mudanças abruptas nas nossas rotinas: distanciamento e isolamento sociais. Como seres essencialmente sociais, estas medidas podem contribuir para uma maior dificuldade em lidar com a situação. Buscar ajuda também significa ser competente socioemocionalmente. Saber o que outras pessoas fazem quando sentem as mesmas emoções e sentimentos que nós também é importante para nos ajudar a experimentar novas possibilidades, ou seja, pedir ajuda e compartilhar é saudável. Criar momentos de interação virtual pode ser uma boa estratégia: realizar chamadas de vídeos com amigos e familiares, combinar com outras pessoas para assistirem juntos lives de artistas, criar pautas para discussão (livros, filmes, séries, etc.), enfim, tudo que sua imaginação (e a tecnologia) permitir.
Em resumo, podemos organizar uma rotina com horários e ambientes para as atividades, buscar atividades prazerosas e de lazer, interagir (virtualmente) com outras pessoas, nos mostrarmos disponíveis para ajudar ao outro, meditar e relaxar, lembrando sempre que não estamos numa corrida de produtividade. Alguns dias serão mais fáceis, outros nem tanto, o que é normal. Por isso, saber identificar o que nos faz bem e aproveitar o momento nos auxilia quando a situação desperta em nós emoções negativas: assim conseguimos reconhecer estas emoções, encontrar o que sabemos fazer para enfrentá-las (sem nos sentirmos tão abalados) e manter uma atitude otimista frente a situação, pois nossa história de vida mostra que não é a primeira vez que sentimos uma determinada emoção. Tudo isso também vale para as crianças, afinal nunca é cedo (ou tarde) para iniciarmos a educação emocional.
Depois dessas reflexões, a pergunta do título soa ainda mais ambiciosa, mas parece que um balanço emocional saudável e a manutenção de vínculos sociais (mesmo que virtuais) pode nos ajudar a reduzir o impacto negativo da Pandemia.
O Emotrab também está voltado para auxiliar a população no enfrentamento saudável desta Pandemia do Corona Vírus – estamos com vídeos e textos sobre emoções, sentimentos e afetos mais frequentes ou importantes neste momento.
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